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sábado, 3 de março de 2012

As Esganadas - Jô Soares

Truth be said, I expected more of this book. I had all my students, friends and known people (some which I am sure never even got to read the book) rant and rave about how good, exceptional and well written this book as was. Okay, I wouldn't classify it as bad or unreadable but I also definately wouldnt rate it as a magnificent peice of Brazilian literature to be read by any and by all (like so many others have classified it to be). Giving credit where credit is due, the idea was great. That yes, was something out of the ordinary and which I am sure is what made the book get as much credibility and become so well known and widespread. But in my opinion there lacked the polishing of many details and facts in the book and that is what was missing to make the book outshine and become a truly great success (at least before my eyes). Though other than that it is an easy read, a simple vocabulary, light and quick so that it doesn't take anyone too long to get it done.

Book Review (sorry, it is in Portuguese):

É difícil alguém rir alto quando lê um livro, quando isso acontece, o livro se materializa, o seu “existir espiritual” ganha uma proporção física, rara, de inquietação por parte dos seus leitores. É um resultado positivo e que merece uma levantada no chapéu, uma vez que nossa percepção anda lesionada pela sobrecarga e velocidade das informações que estamos recebendo.
Ler um livro já caracteriza uma atitude tremenda contra esse ritmo do mundo, rir com um livro então, é algo para um quase Buda: alguém aquém da miséria espiritual que caracteriza essa tal geração Y. Mérito esse, facilmente alcançado pelos leitores do novo romance do Jô Soares, As Esganadas. Percebi isso ao me pegar controlando os ânimos para não acordar minha mãe que dormia no sofá à minha frente, algo que nunca ocorreu nas minhas leituras, desde os gibis até o que li de James Joyce.
José Eugênio (Jô) Soares, já escreveu O Xangô de Baker Street, O Homem que Assassinou Getúlio Vargas e Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, todos lançados pela Companhia das Letras. É um autor que dispensa maiores apresentações, e me permite dizer que seu mais novo livro, também lançado pela Companhia, se passa no ano do seu nascimento, 1938, e recria por uma espécie de memória atávica o Rio de Janeiro dessa época, por onde sua mãe perambulava quando grávida.
As Esganadas tem seu núcleo nas investigações a respeito do sumiço corrente de mulheres na Gávea, Porém, uma característica é comum a todas elas: são gordas, petulantemente gordas e viçosas, muito bem constituídas, uma a uma. Afinal, de acordo com Luis Fernando Veríssimo, “Como ator e comediante, o Jô é um grande fazedor de tipos. Sabe como poucos construir um personagem, defini-lo com um detalhe e dar-lhe a vida com graça e inteligência”.
Logo no pontapé inicial do livro, nos é revelado quem é o assassino e quais são as suas motivações, fazendo com que fiquemos íntimos das suas convicções. Os desejos e opções do psicopata se tornam comuns aos leitores, visto que é ao lado dele que caminhamos na trama. Escrita em terceira pessoa, com uma onisciência implacável e um poder de argumentação que faz o leitor se deliciar com rocamboles, cremes de avelã e todos os tipos de doces que o protagonista usa para atrair as mulheres, e em seguida, se divertir com os requintes de crueldade que suas vítimas são abatidas.



A ficção é a estória possível, mas não acontecida. A verossimilhança dos fatos dá suporte à obra. O romance reconstrói o Rio de Janeiro do estado novo, com cenas registradas historicamente, como a transmissão pelo rádio da derrota para a Itália, da seleção brasileira liderada por Leônidas, na Copa do Mundo daquele ano. Além de uma corrida automobilística no Circuito da Gávea.
As Esganadas trás à tona um contexto que antecipa a Segunda Guerra Mundial, com elementos criados por uma imaginação perspicaz, que justifica o suicídio forjado por Aleister Crowley, e coloca esse falso mago em contato direto com Fernando Pessoa, devido aos seus interesses comuns ao misticismo e ao horóscopo. Como se não bastasse, Jô Soares dá vida a Esteves sem metafísica, personagem que surge no poema Tabacaria, de Haroldo de Campos, e coloca os três num navio em Lisboa, para uma viagem de quinze dias até o Rio, onde saltitam as gulosas presas de um maníaco que odeia Getúlio Vargas.
As Esganadas diverte, prende a atenção, trás cópias de páginas de jornais cariocas de época, ilustrações feitas a mão pelo próprio autor, nos faz querer experimentar as guloseimas oferecidas como iscas a vítimas volumosas, contextualiza o Brasil de setenta e quatro anos atrás, com o país atual, intertextualiza escritores e seus personagens. Nesse ultimo livro do Jô, há magia, há crime e encanto, é uma obra que faz odiar, ficar com fome e rir, como tem de ser as boas experiências da vida.

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